Sobre mim

Olá. Gosto desta palavra informal que gera proximidade e é ternurenta. Inicio aqui uma nova aventura profissional e o que pretendo é estar mais perto dos que seguem o meu trabalho em televisão há mais de trinta anos. Tenho uma vida profissional intensa. A RTP e a TVI deram-me grandes oportunidades. Continuo a lutar por elas. Acredito que a sorte existe, mas também se conquista. Sempre assim pensei. Sempre fui voluntarista. Sempre encarei o meu trabalho com um profundo sentido de responsabilidade. De outro modo, não teria sido possível chegar até aqui.

A minha história é conhecida: tornei-me jornalista aos 18 anos. Não pedi a ninguém. Aconteceu. Assim como aconteceram as entrevistas, os debates, as noites eleitorais, a apresentação de jornais e as centenas de reportagens que fiz no país e no estrangeiro nos últimos trinta anos.

É esta experiência no “terreno” que mais relevo no meu percurso e que o considero distintivo. Não há que ter medo das palavras. É o que é.

Entrei muitas vezes num avião sem saber como iria regressar. Foram as reportagens como enviada especial em cenários por vezes muito duros que ajudaram a construir a jornalista e a mulher que sou e que me deram músculo para enfrentar as maiores adversidades da minha vida.

Testemunhei um dos maiores genocídios do século XX em África; a guerra da Bósnia no início da década de 90; reportei a partir de Islamabad no Paquistão e de Quetta na fronteira com o Afeganistão as movimentações militares e políticas que se seguiram aos atentados terroristas da Al-Qaeda nos Estados Unidos; acompanhei a partir de Madrid as horas e os dias que se seguiram ao atentado de Atocha que matou mais de cem pessoas. São estas algumas das minhas grandes memórias profissionais, assim como a primeira eleição presidencial de François Miterrand, a partir de Paris, a eleição de Barack Obama estando em Washington D.C. ou, mais recentemente a chegada ao Poder de Emmanuel Macron, depois de três semanas em Paris como enviada especial. Acho que já estou a ser exaustiva, mas a verdade é que olho para mim e não me vejo como uma comunicadora-jornalista mas como uma jornalista-comunicadora.

Pelo caminho, escrevi oito livros sobre jornalismo e comunicação televisiva. Agora, decidi que era chegado o momento de partir para um novo modelo de comunicação.

O ecrã do computador tem uma função semelhante à da varanda da Julieta: proporciona-nos o contacto com mais do que uma pessoa, enquanto Julieta só tinha acesso ao seu amado Romeu. A facilidade de comunicação através da internet permite criar laços, estabelecer conversações que de outra forma não seriam possíveis. Não há como evitá-lo. É isso que eu mais desejo: criar laços. Espero ser correspondida.