Enganos

engano

Penso que nos andamos a enganar uns aos outros. E não vale a pena.

O isolamento forçado tem consequências duras: aumenta os níveis de ansiedade; acelera ritmos de depressão; anula relações sociais; destrói a nossa natureza social e arrasa as economias.

Ao fim de duas semanas, eu já não aguento estar fechada em casa. Nunca senti tanto a falta da comunicação directa como nestes tempos atípicos. Claro que é preciso ficar em casa para travar o surto da epidemia, mas dizer-se que está a ser muito bom estar em casa e que a tecnologia resolve a comunicação é, para mim, falso. Somos animais gregários e isso diz tudo. Sempre precisámos de viver em sociedade e de estarmos perto uns dos outros. Fisicamente falando.

Está a chegar o momento em que a nossa solidão começa a ser insuportável. Não fomos feitos para estar sozinhos a vermo-nos por Skype. Quem pensa e diz o contrário, está a querer enganar-se. A verdade é que estamos a viver uma espécie de fim do mundo e que falta uma linguagem diferente no discurso público.

Há uma pergunta muito simples que ainda não vi ser feita: o que é que tem de acontecer para retomarmos a normalidade das nossas vidas? Em que fase da evolução da pandemia é que isso poderá voltar a acontecer? Sei bem que este texto vai contra a corrente. Mas eu não me quero enganar a mim própria.

Qual é a vossa opinião?

Judite Sousa

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