Ainda a “Bailarina de Auschwitz”

bailarina de Auschwitz

Enquanto danço, descubro um pedacinho de sabedoria que nunca mais esqueci. Nunca saberei que milagre me permitiu ter este conhecimento. Há de salvar-me a vida muitas vezes, mesmo depois de o horror terminar. Consigo perceber que o Dr. Mengele, o assassino experiente que ainda esta manhã matou a minha mãe, é mais patético do que eu. Na minha mente, sou livre; coisa que ele nunca poderá ser. Ele terá de viver sempre com aquilo que fez na consciência. É mais prisioneiro do que eu. Enquanto termino a minha coreografia com uma curiosa espargata final, rezo, mas não rezo por mim. Rezo por ele. Rezo, para bem dele, que ele não tenha necessidade de me matar.

 

Judite Sousa

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