Costa, Rio e Jerónimo

Levei algum tempo a pensar nestas linhas, mas decido-me a escrever porque são, na minha opinião, os três “actores” políticos do momento. Por diversas razões.
Primeiro, António Costa. Não concordo com aqueles que viram no último congresso do PS um desafio à liderança. Pelo contrário. Costa saiu reforçado. Basta ver os resultados das votações. Acho um despropósito ter-se visto na intervenção de Pedro Nuno Santos um distanciamento em relação à direção do partido. Pedro Nuno Santos é um entusiasta da “geringonça”, até porque é ele que negoceia no Parlamento os entendimentos com o BE e o PCP, mas o ideólogo desta solução de governo foi António Costa. Na noite eleitoral, não tendo mais votos, o entusiasmo comunicado por António Costa foi revelador. Só Passos Coelho não percebeu que o seu opositor tinha tudo pensado para garantir ao PS a chefia do governo com uma solução de esquerda confortável no Parlamento. A um ano e poucos meses de eleições, Costa persegue o objectivo da maioria absoluta, mas não a pedirá aos eleitores porque não vai querer afrontar os seus parceiros e criar antecipadamente rupturas que só prejudicariam a sua estratégia. Ou seja, vamos ter António Costa mais quatro anos. Tenho para mim que a ameaça ao governo não vem de dentro do PS, nem do PSD, nem dos aliados. Costa deve estar preocupado com o verão que se aproxima e com o risco de incêndios. Esse, sim, seria um problema para o Costismo.
Rui Rio ainda não mostrou ao que vem. Não se sabe qual é o seu caminho. O PSD de Rio não se demarca do governo e ainda revela que há uma enorme desconfiança para com o líder que ainda não descolou da imagem de ex-presidente da segunda cidade do país. É curto. Costa agradece, fazendo uns acordos pontuais ao centro que não o comprometem.
Finalmente, Jerónimo. Os que se espantaram com a posição do PCP na questão da eutanásia pouco sabem da doutrina comunista. Os comunistas são por natureza conservadores em temas sociais. Está no seu ADN, assim como está o Marxismo-Leninismo por muitas mudanças que aconteceram na geo-política mundial. O PCP não votou contra para afirmar uma posição divergente à do Bloco. Votou contra porque é efectivamente contra os chamados temas fraturantes. Seja em que circunstâncias for.

Judite Sousa

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