Conheci pessoalmente Letizia Ortiz há uns anos, ainda era Princesa das Astúrias. Foi numa recepção na embaixada de Espanha, em Lisboa. Eram cerca de trinta convidados, apenas duas jornalistas: eu e a Fátima Campos Ferreira.
Letizia mostrou-se confiante mas ao mesmo tempo “desconfiada”. Sabia que todas as atenções estavam voltadas para ela e que não podia cometer erros. Controlava todos os seus movimentos. E olhava discretamente para todas as pessoas. Como pessoa ao vivo é igual à Letizia das fotografias: estatura média, muito magra, uma mulher bonita.
A circunstância de ter sido jornalista faz com que conheça bem o meio. Sabe avaliar a sua postura e antecipa os melhores ângulos dos fotógrafos. Deu-me a possibilidade de trocar com ela breves palavras. Disse-lhe que tinha coordenado para a televisão pública o seu casamento. Ela esboçou um sorriso.
Desde que casou com Filipe, Letizia estudou bem a lição. E fez do Príncipe um homem mais solto e mais próximo das pessoas como que adivinhando que o reinado estaria para breve. Contra si, teve sempre a mais conservadora aristocracia Espanhola que não tolera uma rainha plebeia e divorciada. Semanalmente, nas páginas do El Mundo, ela é literalmente “desfeita” pelo cronista Jaime de Penafiel. Letizia segue em frente. Sabe qual é o seu papel e não aparenta publicamente fragilidades. Comete erros? Naturalmente. Não mediu o impacto que a afronta à rainha Sofia, impedindo-a de se fotografar com as netas, teria na opinião pública Espanhola e mundial. Nem 24 horas depois corrigiu o erro, aparecendo publicamente ao lado de Sofia, como se nada tivesse acontecido. Reagiu bem e depressa a comunicação da Casa Real Espanhola. Letizia vai manter-se imperturbável.
Judite Sousa
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